Heaven can't help me now

RP FECHADA

Desiree, Rick.

TAGGS: 07:35. FACULDADE. SALA DO PROF RICHARD. LOSING MY MIND.

this is gonna take me down

A mente das pessoas é uma coisa tão complexa que nem mesmo Désirée conseguia entender. Por mais que não quisesse pensar na noite anterior, ela continuava vindo em sua mente e o que ela resolvera fazer para tentar tirar isso da cabeça? Foi até a sala da pessoa que estava lhe tirando o sossego. Não que estivesse indo atrás dele, especificadamente. Tinha negócios a fazer e isso era tudo. Ao menos era isso o que dizia para si mesma.

Desde que ganhara a vaga nunca mais havia ido até ali e já era hora de mudar isso, não que houvesse muito tempo desde que ganhara a monitoria. Mas naquele dia havia recebi inúmeros trabalhos para corrigir, e como estavam corrigidos, iria devolvê-los ao professor. Sua sorte era que ele também havia lhe dado uma chave, assim não precisava procurar por ele e não precisaria olhá-lo tão cedo.

Sentia-se envergonhada pela noite passada. Havia sido tão constrangedor que nem conseguia descrever tudo o que passou e nem saberia como reagira caso o visse agora.

Parou em frente uma que tinha uma única placa com duas palavras: Richard Bondurant. Pegou o seu celular, ignorou as mensagens de seus colegas e viu que ainda estava cedo, o que provavelmente significava que ficaria ali sozinha e teria um pouco de paz antes dos alunos chegarem para tirar dúvidas.

Abriu sua bolsa e pegou a chave para abrir a porta. O seu coração gelou no momento em que a chave não girou nem para a esquerda e muito menos para a direita. Isso só podia significar uma coisa: a sala estava aberta e além dela, apenas outra pessoa tinha a chave dali. Respirou fundo a abriu porta, tentando ser o mais silenciosa possível.

- Só achei que você queria me ver o mais cedo possível. - Uma pausa. - Sim, eu sei baby. Só estou te provocando.

Imaginou como ele se comportaria ao tentar provocar alguém, aqueles olhos penetrantes que desvendam a alma de qualquer um, aquela carnuda pedindo por um beijo, aqueles ombros largos para arranhar. E lá se foi sua vontade de ser o mais silenciosa possível.  Deixou os trabalhos que carregava caírem, maldita mente que vagava nas horas mais importunas. Ajoelhou-se para recolher a papelada e se dirigiu para a cadeira que lhe era apontada.

Esperou, ignorando aquele ‘love’ ridículo. Antes de pegar a nova pilha para corrigir, entregou a que tinha em mãos. – – Estes aqui já foram corrigidos, fiz uma planilha com os nomes e a nota, caso você ache assim melhor para passar as notas para o portal.

Pegou os relatórios e deu uma rápida olhada, agradecendo por serem simples. Aparentemente o trabalho havia sido a primeira parte, agora eles fizeram um relatório sobre o estudo do caso, em que constava a oferta, demanda e acompanhamento dos preços do que escolheram nos últimos anos.

Quando pegou tudo o que precisava corrigir, não se levantou. Apenas ficou observando-o, esperando que ele notasse sua presença ali e quando o fez, sorriu sem graça. – Eu só queria... Agradecer por ontem. – Estivera com os hormônios a flor da pele, quando o professor a deixou sã e salva em casa, ela saiu correndo do carro, sem nem ao menos agradecer. O silêncio durante a viagem fora tão constrangedora que a ruiva acabou agindo como uma pré adolescente depois. – Beeeeem, é isso. – Sorriu sem graça mais uma vez e se dirigiu para a outra mesa.

Colocou o seu celular e os relatórios na mesa, procurou uma caneta em sua bolsa e começou a corrigir cuidadosamente o que lia. Ignorando os nomes dos alunos para ser o mais imparcial possível. Gostaria mesmo é de ignorar o seu celular que não parava de vibrar. Pegou-o e colocou no silencioso, não sem antes dar uma olhada nas mensagens. Matt, Jack e Peter não paravam de questionar sobre a noite anterior e não é como se ela simplesmente pudesse responder.

this is gonna take me down

Deu um pulo em sua cadeira quando ouviu sua voz e deixou o celular escorregar de suas mãos, indo parar no chão. Suas mãos pareciam manteiga quando aquele professor estava por perto e isso não era nada bom.

- Aqueles idiotas. – Murmurou ao se lembrar de como os garotos a haviam tratado. Eles deveriam ter lhe acompanhado a festa toda, e não terem sumido atrás de um rabo de saia ou de uma garrafa de cerveja. Com amigos assim, para que inimigos não é mesmo? Não queria encarar seus olhos, sentia-se tão boba e infantil que queria dar uns tapas no próprio rosto.

Respondeu um breve “Depois conversamos” para os rapazes, sem saber o que realmente lhes contas. – Eu não disse nada para ninguém, se é o que te preocupa. Só não sei como vão me deixar sair dessa. – Precisava arrumar uma boa desculpa para o que tinha acontecido, ou então teriam que voltar para a Neon Club e desta vez com certeza eles não sairiam de perto dela. Os rapazes eram insistentes. Não pararam de lhe mandar mensagens, até mesmo ligaram algumas vezes.

A ruiva não era uma boa mentirosa e isso sempre lhe deixava em apuros. – Se você tiver alguma sugestão, sou toda ouvidos.

Mas antes que obtivesse alguma resposta concreta, um aluno apareceu e pareceu aliviado por ver Désirée ali. Correu direto para ela, ao invés de falar com o professor. A garota sorriu para o rapaz à sua frente, entendia perfeitamente como ele se sentia.

- Louis. – O rapaz estendeu a mão enquanto se apresentava. Désirée apertou-a se apresentou também, sem nunca deixar de sorrir. Louis se aproximou e sua voz era baixa, como se temesse ser ouvido. – O professor falou sobre os mercados financeiros na última aula. Mercado monetário, capital, cambial. E, bem, olhe para ele certo? Duvido que alguém entende uma palavra do que ele fala.

Levou a mão aos lábios para esconder o riso. Deu uma olhada de esguelha para o professor e ficou vermelha quando viu que ele a olhava também. Primeira monitoria e ele definitivamente já deveria querer demiti-la. Endireitou sua postura e começou a explicar o conteúdo para o rapaz, de uma maneira mais simples e resumida para não perder muito tempo.

Se todos os alunos fossem como Louis... Bonduart tinha razão em ser todo durão nas aulas. O garoto parecia ter alguma dificuldade mental para entender a matéria, mas na verdade não passava de preguiça de sentar a bunda em uma cadeira e estudar a matéria. O que realmente era uma pena, pois Louis tinha uma aparência nada mal.

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Coçou a nuca incomodada com a falta de privacidade naquele momento. Não que preferisse estar sozinha com o rapaz, longe dali, lhe explicando seja lá o que fosse. Mas o professor ali do lado não ajudava nenhum pouco a situação. Porque ele simplesmente não ligava para o seu “Love”? Afinal de contas, quando chegou ali, ele disse que ela era ninguém.

Ainda se sentia insultada com isso. Porém, o que poderia fazer? Foi ela que o procurou de livre e espontânea vontade para se candidatar à vaga. Agora precisava lidar com as consequências. Ele poderia ao menos ser um pouco mais amável.

- Se o senhor preferir, nós podemos sair. Assim pode voltar a fazer o que fazia antes da minha chegada. – Tentou soar o mais neutra possível, não desejava dar pistas de que se sentiu incomodada com o que ouviu. Désirée definitivamente precisava esquecer aquela ligação ou então ficaria louca. E esquecer aquele sotaque e voz grossa falando baixo, antes que sentisse sua pele se arrepiar mais uma vez

Torcia para que ele pedisse para ela ficar. Tinha conquistado aquele direito e até mesmo a sua confiança, caso contrário ele não teria lhe entregado a chave de sua própria sala. E Louis provavelmente não iria demorar, e ainda havia tantos relatórios para corrigir.

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Se o rapaz ainda tinha alguma dúvida na matéria, não mencionou. Logo após a intromissão de seu professor, Louis balbuciou poucas palavras e saiu dali sem olhar para trás. A jovem balançou a cabeça de um lado para o outro, discordando da atitude do homem que estava na sala. Ele era um professor e deveria tirar as dúvidas de seus alunos, e não ficar tirando sarro deles. Saudades profissionalismo.

Não estava com muita cabeça para corrigir os relatórios com perfeição, e sabia muito bem que ele não aceitaria nada que estivesse abaixo do perfeito. Por isso, sem saber muito bem o porquê e sem saber qual força do além causou, ela resolveu que precisavam conversar.

Virou sua cadeira para ficar de frente para o professor. Era hora de deixar seu lado menina e precisava agir mais como uma mulher perto dele. – O senhor pode me dar umas dicas sobre os alunos. A faculdade é enorme e desculpe, mas, com certeza, muitos querem a sua cabeça. – Tamborilou os dedos na mesa, sabendo muito bem que estava se arriscando.

Contudo, precisava usar essa coragem antes que ela se esvaísse. Sem mencionar o fato de que não estava mentindo nenhum. Ela mesma quando cursou Economia sonhara com a morte dele de inúmeras formas, apenas para não ter mais aula dele e não sofrer com a gastrite. Malditos nervos.

Queria também pedir ajuda com os seus colegas. Saber o que deveria dizer a eles sobre a noite passada, mas provavelmente não obteria nenhuma resposta, ou se obtivesse alguma seria “não mencione meu nome” ou qualquer coisa parecida e isso não lhe ajudava nenhum pouco

this is gonna take me down

Bufou baixinho, tentando controlar a indignação que crescia cada vez maior e mais forte em seu peito. Porque diabos aquele homem tinha que ser desse jeito? Tão arredio e difícil de se lidar, com respostas curtas e afiadas. Ele definitivamente era um homem de poucas palavras, ou seja, não gostava nenhum pouco de conversar. E ainda assim a ruiva não conseguia manter a língua dentro de sua boca.

A mente de Désirée imitou o relinche de um cavalo depois de “não fazer amigos”. Ok meu querido professor, o ponto foi muito bem levantado e demonstrado, estava compreendendo tudo e agora ficaria de boca fechada.

Não via a hora de se formar para ela próprio estourar os quatro pneus do carro dele e pegar uma chave ou até mesmo uma pedra para arranhar toda a lataria do carro dele. Oh, cara, ela estava pegando uma raiva dele. Ele a deixava confusa e irritada. Confusa com seu jeito bipolar de ser; uma hora e leva pra casa e na outra conversa com ela usando um tom quase agressivo. Irritada porque não sabia o que pensar quando estavam juntos. E ela sempre sabia o que pensar.

Ele era a maior e mais linda incógnita de todas. E com toda boa incógnita, a jovem queria decifrá-la. Porém, isso não era nada sábio e estava basicamente assinando o seu atestado para uma viagem só de ida ao manicômio mais próximo.

Bem, se Richard (oh, merda, já estava se achando a íntima para pensar nele apenas pelo primeiro nome) se achava todo no direito de se fazer de difícil e bancar a marra de durão... Ela também podia, só não tinha a mínima ideia de como iria sustentar essa farsa. Odiava mentir e era uma terrível mentirosa.

- Hum, é. Tanto faz. – Deu de ombros fingindo que não se importava nenhum pouco se ele era um bom ou terrível carrasco professor. Já tinha feito a matéria com ele e realmente não se importa. Não mais. E iria se convencer disso. – Você é o professor e decide o que fazer. – Se ele fosse inteligente e vivido como Désirée sabia e sentia que ele era... Ele entenderia que para ela não estava tudo bem e que seu “tanto faz” era tão falto quando uma nota de 7.