Nothing lasts forever, but this is gonna take me down

RP FECHADA

Desiree, Rick.

TAGGS: SEGUNDA. DIA. FACULDADE. ABRIL. PRIMAVERA.

He's so tall, and handsome as hell
He's so bad but he does it so well

Aquilo era uma atitude minimamente sensata? Se você fosse olhar pelo lado óbvio, e caso aquilo desse certo, era indiscutível como aquilo que estava prestes a fazer iria contribuir para o currículo da jovem. Mas será que estava certa da decisão que havia tomado? Ainda tinha tempo de voltar atrás e fingir que não estava ali, fingir que não estava querendo se jogar na boca do leão.

Oh, céus! Como ela estava sendo dramática. A ruiva revirou os olhos. Não era nada de outro mundo, já conhecia o professor Richard e era justamente por já conhecê-lo que estava ali. Provavelmente ele nem se lembraria dela. Quantos anos ele trabalha ali? Para quantas turmas ele já não deveria ter dado aula?

Amassou em sua mão esquerda o papel em que informava que o professor Richard estava atrás de uma monitora para auxiliá-lo na disciplina de Economia. Bem, ela já havia feito a matéria e tinha se saído muitíssimo bem, então não havia problema algum em se candidatar para a vaga.

Esperava ao menos que ele não fosse aquele tipo de professor machista que só dava monitoria para os caras. Como se as mulheres fossem, além de seres inferiores, completamente burras e ignorantes. Ok, Désirée realmente desconfiava da capacidade mental dos alunos da Delta e da Kappa, mas quem era ela para julgá-los?

Olhou para a porta que estava a sua frente e o nome de um dos professores mais rígidos (e também um tantinho carrasco) brilhava na sua frente. Havia uma pequena tabela ali informando os dias e os horários de atendimento. Bem, droga. Pelo o que ali dizia, nos dias de segunda, depois das onze da manhã até o início da tarde ele estaria ali.

Porque o horário não mostrou que não era horário de atendimento para que ela saísse dali e fingisse que nada havia acontecido?
Olhou para cima e fez uma pequena prece a seja lá quem for que estivesse lá em cima olhando por ela.

Bateu na porta três e esperou. Poucos segundos depois ouviu uma voz dizendo que podia entrar. Havia se esquecido de como ele tinha uma voz grave. Ou talvez apenas fosse o fato da porta estar fechada.

- Ah... Bom dia, professor. – Abriu a porta e entrou rapidamente, fechando-a atrás de si. – Fiquei sabendo sobre a monitoria de Economia e... Sabe... Fiquei interessada. – Estava encostada na porta, com medo de chegar perto demais e ele lhe der algum cascudo. Não que ele realmente fosse fazer isso, mas hey! Ele era todo durão, com aquela cara fechada. Sabe-se lá o que ele tinha na cabeça.

He's so tall, and handsome as hell
He's so bad but he does it so well

Como assim ele estava perguntando se ela já tinha feito a matéria? Quase bufou irritada com a pergunta dele  e fez o melhor possível para disfarçar sua cara de indignada. O que ele pensava que ela era afinal de contas? Uma das vadias da Kappa? Um das drogadas e sem noção da Delta? Oláaa! Ela era uma integrante da Pi Sigma! Não que ele tivesse a obrigação de saber disso, nenhum aluno saia por aí com um cracha dizendo sobre qual fraternidade pertencia.

Sem falar que a Pi Sigma era a mais nova de todas as que havia ali em Yale. Mas de qualquer forma, ela era da turma dos anti sociais e nerds! É claro que se estava atrás de uma monitoria, já havia feito a matéria. Como iria ajudar os alunos se nunca havia feito a matéria e nem sabia sobe o que se tratava?

Ela era ruiva com muito orgulho. Não loira. Foi impossível não revirar os olhos. Ele com toda a certeza do mundo era aquele tipo de professor machista que só queria homens sendo monitores. Merda! Sabia que aquilo era uma má ideia, deveria ter ido embora quando ainda tinha tempo. Evitaria toda aquela vergonha e desconforto.

Despertou de seu pequeno acesso de raiva e indignação e abriu sua mochila. - É claro que já fiz a matéria. - Murmurou baixinho. Não sabia se ainda queria aquela vaga, não quando já estava querendo a cabeça dele numa bandeja de prata. - Está aqui os papeis. - Entregou o seu histórico escolar e o currículo que constava todas as matérias que já havia auxiliado e pequenos projetos em que tinha ajudado.

A sensação era desesperadora. Richard Bondurant estava sentado bem na sua frente, olhando, olhando e olhando mais um pouco os papeis que recém lhe foram entregues e ele mais parecia um morto. Não falava nada, nada comentava, e o pior, não fazia nenhuma expressão por mais que lesse e relesse tudo.

Mais um pouco e Désirée começaria a arrancar os próprios cabelos.

- Por tudo o que é mais sagrado. Diz alguma coisa, nem que seja para eu sair daqui.

He's so tall, and handsome as hell
He's so bad but he does it so well

Encolheu-se um pouco na cadeira com a indireta dele sobre paciência. Bem, ela era paciente, e muito; a questão ali é que o próprio professor não estava ajudando Désirée a manter os seus nervos calmos e controlados. Ela não o conhecia intimamente, mas ouvia como as pessoas falavam de Richard Bondurant, e se já não bastasse, a própria garota já havia feito uma matéria com ele. Ela era calma. Ele é que não ajudava.

Se fosse aceita para esta vaga, a primeira coisa que a ruiva faria seria passar na farmácia e compras muitas caixas de remédio para manter a calma e assim o bom senso. Nem trabalhava para ele e ele já lhe dava dor de cabeça. Oh, céus! Porque?

Quase riu na cara dele. Apenas três horinhas por semana? Já lidara com professores que pediam o dobro disso. Seria fácil fácil auxiliar os alunos se era apenas três horas. Sem falar que havia também os finais de semana para aqueles que nunca tinham um horário livre.

- Eu tenho alguns horários livres. - Adiantar matéria sempre era bom, sempre aparecia algum tempo livre depois e isso era ótimo; podia ler seus livros e pintar as unhas em paz sem ter o peso de ter que se matar de tanto estudar.

Mordeu o lábio inferior ansiosa. O que ele mais tinha que analisar? Francamente! Ele estava com a vida acadêmica da jovem entre as mãos, sabia de tudo o que ela já tinha feito em Yale e mesmo assim não podia dar uma resposta mais... Útil?

Sabia muito bem que as pessoas não se interessavam pra valer em ser monitoras para Bondurant, então porque ele estava dificultando tanto assim? Se ele não a quisesse ela iria atrás de alguma outra matéria, algum outro professor que realmente a valorizasse e visse potencial nela.

- Vamos, professor. Por favor! - Não gostava de se fazer de vítima e muito menos de teatrinho, mas aquele momento precisava. Ainda bem que havia aprendido algumas caras e bocas com a sua mãe. Jamais imaginara que faria aquilo com um homem, mas hey! A circunstância pedia.

- Posso ter alguma esperança? - Apoiou os braços em cima da mesa dele, mesmo sabendo que isso não era uma boa ideia, e aproximou-se um pouco dele. - Veja só todos esses trabalhos, eu poderia ajudá-lo com isso.

A jovem não iria se render tão rápido assim.

He's so tall, and handsome as hell
He's so bad but he does it so well

Queria ser uma garotinha mimada e infantil para poder fazer beicinho sem ter problema algum, o homem estava deixando-a desanimada sobre a monitoria e Désirée ficava triste a cada minuto que se passava. Poxa, o que havia feito de errado afinal de contas para ele não ceder nem um pouquinho para a ruiva? O que custava?

Estava pronta para levantar, desculpar-se com o professor e sair daquela sala. Sentia que não daria em nada; mas é claro, ele era um homem. E homens são extremamente imprevisíveis, a ruiva nunca conseguia entendê-los. E ele a surpreendeu. Surpreendeu de um jeito tremendamente bom e a mulher teve que se conter para dar gritinhos de felicidade e nem sair saltitando pela sala dele.

Ele havia dito sim a ela! Ele tinha cedido! Alguém precisava registrar aquele momento.

Pegou os papeis que lhe garantiam a monitoria como se fossem seda e estivesse prestes a despedaçar com o mínimo movimento. Se estivesse sozinha beijaria aqueles papeis, mas soube se conter e sorria como nunca enquanto assinava em todos os lugares. O melhor de conseguir aquela vaga é que ela não era apenas uma monitora, ela era uma monitora REMUNERADA!

Dinheiro! Dinheiro! Dinheiro! Désirée já até podia sentir o cheiro das notas. Já podia sentir o cheiro de todos os novos livros que iria comprar com o dinheiro. Como ela amava o que o dinheiro podia comprar!

Estava feliz demais para se sentir ofendida com o comentário dele. Qual é! Ela era basicamente bv! Não é como se fosse levar carinhas ali pra sala, até porque nem candidatos ela tinha. E não iria se agarrar com mulheres, ela sabia muito bem o que queria.

Pegou a chave que lhe era dada de não tão bom agrado assim e pegou alguns trabalhos e começou a corrigir, sem se importar que estava quase na hora do almoço. É como dizem, sem sacrifício, sem vitória.

- Você é que manda aqui, professor. – Levantou os olhos para olhá-lo e sorriu, contente por fazer algo que gostava.

E lá a jovem ficou por um longo tempo ajudando o professor com todos aqueles trabalhos e naquele momento ela entendeu o porquê de tanto estresse dele. Tinham coisas erradas demais. E eram erros absurdos. Mas era para isso que seria paga.